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“O que eu vou falar pros meus alunos amanhã?”, foi uma das primeiras coisas que me veio à mente depois da derrota do piloto inglês Lewis Hamilton, na fórmula 1! Eu tinha lido, no começo do ano, uma reportagem que contava a história do menino pobre, que lutou duro desde pequeno, aproveitou as oportunidades e, já no começo do ano, dava sinais de ser o mais novo fenômeno do automobilismo. Talvez o maior que as pistas já tinham visto. Para quem pensava que Schumacher tinha feito tudo que se podia ver na história da F1, o surgimento desse garoto podia surpreender... e muito!
Esse mesmo texto, eu li para meus alunos e com toda a empolgação de um orador com ares ultra-românicos, lhes falei que também podiam chegar lá, que, assim como ele, com luta e determinação desde já, a imaginação não seria o limite para o que eles podiam conquistar, e outras dessas falas de reis montados em seus cavalos quando estão a minutos do grande e vitorioso confronto final que a gente vê nos filmes épicos e livros de cavalaria! Eu queria arranjar uma justificativa para não sair mal com eles e me consolar ao mesmo tempo, mas tudo me parecia desculpa esfarrapada de um mau perdedor. Decidi então ir tomar banho. Enquanto procurava pela toalha, fui à cozinha três vezes, ao meu quarto duas, à varanda também três, para só então me dar conta que ela estava no banheiro! Eu estava desnorteado!
Não vou negar que naquela hora meu sentimento era igual ao do capitão Nascimento em relação ao “aspira” Matias, no filme “Tropa de Elite”, quando o rapaz quase põe sua vida em risco e a operação do batalhão, por ser afoito demais. Se eu fosse Ron Denis (diretor da Maclaren) eu copiaria a cena do capitão quando disse: “Volta pra lá e tira esse uniforme! Você não serve pra ele!”, daria um tapa na cara de Lewis e completaria: “Você é moleque!”
Sim! Eu tava uma pilha!
A água estava quente e o banheiro mais ainda! “É.. o verão está chegando.”, pensei. “Mas... o que é essa dor no peito? Essa dificuldade para respirar que está aumentado???” Se eu já não tivesse passado por uns maus bocados com síndrome do pânico no passado, pensaria que estava tendo um infarto, mas como a experiência já me ensinou a pensar mais calmamente na hora do sufoco, percebi que não passava de angústia. Decepção irrestrita e profunda!
Comecei a respirar e a pensar mais calmamente, sabia que aquilo ia passar. Mas, ao analisar friamente o caso, algo tão forte assim por algo tão pequeno me mostrava que eu não estava lidando bem com minha frustração e que essa podia ser uma chance de ouro para eu aprender e também para meus alunos.
O que eu aprendi? Na verdade nada, mas foi uma oportunidade de relembrar lições atemporais que, mesmo sendo antigas, valem tanto para hoje como valeram para nossos ancestrais.
Uma delas foi que a experiência, e não o talento, é a MÃE do bom sucesso. Até por que “talento” é um substantivo masculino e só se encaixaria como PAI nessa história. Mas, brincadeiras à parte, o que levou Hamilton a ganhar o prestígio até aqui (e a minha admiração, assim como a de muitos) foi, sem dúvida, seu talento. Mas o que o levou a perder o campenato que estava certo até duas corridas atrás foi, sem dúvida a falta de experiência. Se essas duas coisas não se casarem, não andarem juntas, não há vitórias. Vários degraus da escada do sucesso têm a tábua dura da derrota como base. Que o diga o azarão e atual campeão Kimi Raikkonen, que foi três vezes vice-campeão. Três vezes!!! É claro que os milhões que ele ganha contam, e muito, no fim das contas. Porém, se ele não soubesse lidar com suas frustrações, talvez já teria desistido do campeonato. “Imagine! Ganhar? Eu? Com a sina de três vezes vice? O máximo que pode acontecer é ser quadri-vice”. Essa conversa parece forçada pra você, não é? Você deve estar pensado: “Que ridículo! O cara nunca ia pensar assim! Isso é conversa para boi durmir”
É? Então por que VOCÊ pensa assim? (estou olhado no espelho quando falo isso, ok?) Por que desiste ao menor sinal de fracasso, antes mesmo que qualquer coisa tenha sido decidida? Acorda boi! Esse é um hábito que nós carregamos por não saber perder, por não sabermos lidar com frustrações e por não aceitarmos que tudo isso é parte inevitável e indispensável do progresso. E convenhamos: nada está acabado até que acabe!
Hum...? Ah sim! É a tradução do que está escrito lá em cima no título. Embora Hamilton tenha sido o melhor e mais equilibrado até próximo do final, o final ainda não tinha chegado, e isso fez toda a diferença. Aliás, não tinha chegado e não chegou! Que isso gente! Pra que tanto pessimismo com o garoto se ele ainda é só um garoto?! Esse é só o começo! Ele não perdeu a carreira! Foi só o primeiro campeonado de alguém que, com 22 anos de idade, ainda pode fazer muita história (como já fez). Ainda vamos ouvir falar e falaremos muito dele. E quem sabe...
Até de você e de mim?
Anda! Pega na minha mãe e levanta daí!
Precisamos começar a andar agora se queremos chegar ao final. A estrada é longa, amanhã eu tenho aula e eu preciso estar lá para dizer algumas coisinhas pros meus alunos!
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Com vinte e três letras
De um alfabeto,
Fiz frases de efeito
Só pra conseguir seu afeto.
Fiz a proposta então:
“Dou-lhe o meu coração!”
Foi que ela me respondeu:
“Não digo que sim... nem que não!”
Com vinte e três letras
De um alfabeto,
Fiz frases de efeito
E consegui seu afeto!
Mas o tempo passou,
A distancia nos separou
E o coração que eu lhe dei,
Por telefone, voltou!
Com vinte e três letras
De um alfabeto,
Fez frases de efeito
Só pra me dizer:
“Final certo!”
Ps- Esta poesia é uma adaptação de um Blues que criei "baseado em fatos reais"! rsrsrsrsrsrsrs
Autor: David de Oliveira Lima
Foto: "Colin Melord", do fotógrafo (e pai do "modelo") Michael Melford
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