domingo, agosto 26, 2007

aBLUEScedário


Foi numa noite de quinta
Que tudo aconteceu.
Ela estava sozinha
Quando, as escadas, desceu.

Com vinte e três letras
De um alfabeto,
Fiz frases de efeito
Só pra conseguir seu afeto.

Fiz a proposta então:
“Dou-lhe o meu coração!”
Foi que ela me respondeu:
“Não digo que sim... nem que não!”

Com vinte e três letras
De um alfabeto,
Fiz frases de efeito
E consegui seu afeto!

Mas o tempo passou,
A distancia nos separou
E o coração que eu lhe dei,
Por telefone, voltou!

Com vinte e três letras
De um alfabeto,
Fez frases de efeito
Só pra me dizer:

“Final certo!”



Ps- Esta poesia é uma adaptação de um Blues que criei "baseado em fatos reais"! rsrsrsrsrsrsrs

Autor: David de Oliveira Lima

Foto: "Colin Melord", do fotógrafo (e pai do "modelo") Michael Melford

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quinta-feira, agosto 16, 2007

Pobre cachorro!


Hoje pela manhã estava muito frio! Enquanto descia para a escola, uma mão ia no bolso e a outra inevitavelmente segurava a pasta onde carrego as cadernetas de minhas salas. Quase congelados, meus dedos não desprenderiam dela pra nada... mesmo que eu quisesse! Foi quando percebi que um cachorro me acompanhava. Ele estava com uma sacola presa ao pescoço. Talvez tenha entrado nesta situação a fuçar algum saco de lixo. A cena era engraçada. Com as patas da frente ele tentava tirá-la, mas, consequentemente, com isso, puxava a cabeça para baixo fazendo um movimento igual ao de uma gangorra. Eu ri, achei divertido, mas ignorei. Porém, como meu cérebro ultimamente não para de pensar, nem mesmo quando quero, atinei que aquilo poderia estar fazendo-o sofrer. Parei minha caminhada e me voltei para o animal. Confesso que estava receoso ao fazê-lo. “Será que ele vai ficar parado? Será que vai me morder?” eram questões inevitáveis. Mas fui em frente e, tirando do bolso a minha mão acovardada pelo frio, levei-a até a cabeça dele. Para minha surpresa, o cachorro calmamente se sentou e paciente esperou eu remover a sacola. Ao tirá-la, ele já estava correndo de novo, seguindo o rumo de casa.

Isso me fez pensar no fato de que, muitas vezes, nas nossas idas e vindas diárias, vemos pessoas presas como aquele cachorro. Gente que, em busca de algo que alimentasse seu vazio, fuçou o lixo e ficou presa a ele. A gente vê, acha engraçado seu comportamento anormal, mas ignora. Quando não ignora, sente dó, mas fica sem coragem de intervir, de ajudar. No medo de sermos atacados, ou não sermos entendidos, deixamos de lado o problema. Problema que vai continuar lá, até o momento em que tenhamos coragem de parar de racionalizar nossas desculpas e aceitar que não é sem propósito que tais pessoas parecem insistentemente seguir nossos passos.

Estenda a mão. Arrisque-se. Ajudar pode ser mais simples do que pensamos. Talvez precisemos apenas tirar nossas vidas de suas zonas de conforto; o que já será um grande passo! E quer saber? Mesmo que, após a ajuda, lhe virarem as costas “abanando o rabinho” sem, porém, lhe agradecer, vale a pena! Pois o que está em jogo, no fundo, não é apenas melhorar uma vida, mas ser uma vida melhor a cada atitude!


Autor: David de Oliveira Lima


O título da arte usada é A "Dog's Life" de
Dave de Haan

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